Atualizado: 8/12/2010 0:53
O PSB deve acertar hoje, com a presidente eleita Dilma Rousseff, sua participação no futuro governo. A cúpula do partido quer fechar a cota de poder dos socialistas com dois ministérios - o da Integração, para o ex-deputado Fernando Bezerra Coelho (PE), e o das Micro e Pequenas Empresas, para o senador Antonio Carlos Valadares (SE) - além de manter sob seu comando a Secretaria de Portos.
Para evitar brigas na aliança governista e assim atender ao apelo de paz feito por Dilma, o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, já se entendeu com os colegas petistas e socialistas que administram Estados nordestinos. Juntos, os seis Estados - Pernambuco, Piauí, Paraíba, Ceará, Bahia e Sergipe - governados pelas duas legendas gostariam de comandar também os Ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, além de cinco estatais e autarquias.
A partilha dos órgãos regionais só será definida depois de fechada a composição do ministério. O objetivo é usar os postos de direção das estatais e autarquias para compensar eventuais perdas de um ou outro partido aliado na negociação dos ministérios. Estão em jogo presidências e diretorias da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) e do Banco Nacional do Nordeste (BNB).
Um parlamentar do PSB que acompanha as negociações relatou que o partido estava disposto a entregar a Secretaria de Portos em troca de outra pasta, mas deve ficar com ela a pedido da própria Dilma. A presidente eleita não quer abrir disputa na secretaria para evitar ter de negá-la ao PMDB. Ainda assim, o atual ministro Pedro Brito não deve continuar no posto.
Porteira fechada. Nem PSB nem PT defendem o critério de 'porteira fechada' nos órgãos regionais que administram políticas para o Nordeste. Pelo entendimento acertado entre os governadores, o que se pretende é uma 'administração compartilhada' entre os aliados. O importante nesse caso é o respeito às ligações estaduais.
Por esse raciocínio, não deixar o BNB com um cearense 'será uma ofensa' ao governador Cid Gomes (PSB), independentemente de a administração do banco ficar com seu PSB ou com um petista. Certo é que o cargo não ficará com o deputado Ciro Gomes, irmão do governador.
A cúpula socialista entende que o posto é menor que Ciro. Avalia que, depois de governar o Ceará, comandar o Ministério da Integração e, sobretudo, abrir mão da candidatura presidencial para facilitar a vida de Dilma, a dimensão administrativa e política de Ciro é bem maior. A expectativa é de que pudesse ficar com a presidência do BNDES, em uma composição na qual o atual presidente do banco, Luciano Coutinho, seria transferido para a Fazenda. Como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não abriu esse espaço, Ciro deve ficar fora do novo governo.
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