segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Municípios esperam ações do governo para sanar seus males

Arinaldo dos Santos, 38 anos. José Barbosa Nunes dos Santos, 32. O que estes dois cidadãos têm em comum, além do sobrenome? Eles são casados, pais de família e constam na lista dos 200 mil desempregados e sem qualquer fonte de renda em Sergipe. E para eles, desemprego é sinônimo de desespero.
A 22 dias das eleições de 3 de outubro – quando serão escolhidos o novo governador do Estado, senadores, deputados estaduais e federais –, os sergipanos permanecem divididos entre a incredulidade e a esperança. “É difícil acreditar nestes homens que prometem tanto e, depois de eleitos, desaparecem”, desabafa Arinaldo dos Santos, que mora em Itabaiana, no agreste-central.
“Pedimos emprego e eles não dão. Eles pedem o nosso voto e temos que dá-lo para ninguém ter complicação com a Justiça. Vamos ver se chega alguém para tirar as promessas do papel”, deseja José Barbosa, de Nossa Senhora do Socorro, na Grande Aracaju. Mas, enfim, o que o Estado espera dos futuros governos? Quais as principais demandas dos municípios sergipanos?
DEMANDAS
O Cinform consultou pessoas de 20 cidades para saber um pouco das realidades e expectativas locais referentes ao próximo governo. Geração de emprego e de renda e melhorias na Segurança Pública foram os pedidos mais comuns entre os entrevistados. 

Em Aquidabã, no médio sertão, o secretário de Comunicação Marcelo Santana espera que fábricas sejam instaladas e um novo hospital, construído. “Também são necessárias reformas nas escolas estaduais e no ginásio de esportes, e construção da nova delegacia”, diz Marcelo.
Gerson Félix, vereador de Itabaianinha – no sul de Sergipe – reivindica melhorias na segurança pública, além de um envolvimento efetivo do Estado para resolver a problemática poluição provocada por cerâmicas e olarias que movimentam a economia local. “Itabaianinha também necessita de reforma urgente nos mercados de cereais e de hortifrutigranjeiro, que foi inaugurado em 2006, mas nunca funcionou”, denuncia o vereador.
SEM PROFESSOR
A comunidade de Itabaianinha também pontua a construção urgente de um cemitério. O mesmo acontece em Brejo Grande e Ribeirópolis. “Esperamos, também, a construção de um novo estádio de futebol, de revestimento asfáltico nas ruas do centro, mais investimentos na segurança pública, além da ampliação dos serviços de saúde e da rede de esgoto”, ressalta Vagner Teixeira, servidor público de Ribeirópolis, no agreste do Estado.
Em Areia Branca (também no agreste), o representante comercial Cleverton Prado destaca a necessidade de um governo que olhe pra cidade e proponha ao prefeito estudos sobre a realidade local. “O que falta aqui é um maior engajamento entre município e Estado. Seja quem for o novo governador, que ele tenha uma melhor visão, principalmente no nosso potencial turístico”, diz Cleverton.
A estudante Karine Andrade reforça que Areia Branca é um município com grandes problemas, em especial, na Educação. “O Colégio Estadual Governador João Alves Filho, por exemplo, além de não possuir uma boa estrutura física, não oferece nenhuma segurança aos alunos. E agora enfrenta o pior dos problemas: está desde o início do ano letivo sem professor, deixando os alunos sem as principais disciplinas”, denuncia a estudante.
DISTRITO INDUSTRIAL
Em Itabaiana, o secretário de Comunicação, Marcos Aurélio, elenca uma série de necessidades, entre elas, investimentos no Distrito Industrial para a geração de emprego e renda; construção de uma Central de Abastecimento e de um aterro sanitário para atender o agreste; reestruturação do sistema de abastecimento de água e do sistema educacional da rede pública estadual; conclusão da Escola Técnica (iniciada em 2008 e com obras paralisadas); reforma do Hospital Regional de Itabaiana.

Ainda na cidade serrana, o professor e cineasta Robério Santos espera a construção de um Centro Cultural. “Seria um centro integrado com a presença de um cineteatro, biblioteca, concha acústica para apresentações de música e teatro ao ar livre, salão para palestras, espaço para oficinas e uma quadra coberta para esportes”, sugere Robério.
No município de Propriá, no Baixo São Francisco, a comunidade clama pelo término da reforma do Hospital São Vicente de Paula. “O Governo do Estado tem feito muito pelo município, mas realmente precisa concluir a obra do hospital. Desde 2005, não nascem crianças em Propriá. As gestantes se deslocam para outras cidades”, destaca o vereador Fernando Brito.
Brito também pede investimentos no distrito industrial da cidade. “A vinda de novas indústrias seria de grande benefício para o povo”, diz. Ainda no Baixo São Francisco, o rizicultor Erivaldo Lima, de Telha, reclama da falta de atenção do governo – atual e passado – à rizicultura (plantação de arroz), uma das atividades principais de um dos territórios mais pobres de Sergipe, apesar da riqueza que é o Rio São Francisco.
AGRICULTURA FAMILIAR
“A situação dos rizicultores é péssima. Falta manutenção do preparo do solo e falta água para irrigar o arroz”, diz Erivaldo. O funcionário público Hermano Mota Júnior acena para a importância da reabertura da Fábrica de Filetamento de Pescado do Baixo São Francisco. “O Projeto de Irrigação Propriá também carece de reparos. A rizicultura local precisa de uma colheitadeira de arroz e a comunidade de telha espera que o novo governo construa casas populares para o povo carente”, reforça Hermano Junior.
No município de Neópolis, também no Baixo São Francisco, o estudante de Direito Torres Júnior destaca a importância de contar com um governador que adote como política de governo a luta pelo fomento da agricultura familiar, priorizando a psicultura (criação de peixes), as culturas da mandioca, do coco, entre outros, e que beneficie os assentados.

A reabertura do hospital, com a volta dos partos e dos antigos exames, saneamento básico e a existência de uma política que priorize a diminuição do déficit habitacional em nosso município são necessidades mais urgentes em Neópolis.
SEGURANÇA
Para o professor Anderson Tavares, de Malhador – no agreste-central –, as demandas são maiores nas áreas de segurança pública e de saúde. Segundo ele, há poucos policiais para ajudar a minimizar a ação de bandidos. Os malhadorenses também esperam pela construção de uma unidade de saúde e de um ginásio poliesportivo. “Até agora tudo não passou de promessa de eleição”, desabafa o professor.
Luzinaldo Dantas, ex-vice-prefeito de Indiaroba, no sul do Estado, acena para o que considera prioridade ‘urgente urgentíssima’: emprego. “Aqui só há duas opções para o povo: a prefeitura ou o mangue. Faltam indústrias. Déda não fez muita coisa pela cidade. Em campanha, ele prometeu construir a estrada que liga o Pontal à Colônia Sergipe, e só agora retomou as obras, já que está pertinho das eleições”, ressalta Luzinaldo.
Em Graccho Cardoso e nos municípios vizinhos há mais de um ano falta água nas torneiras. E a regularização no abastecimento de água tem sido a principal reivindicação. "Senhor governador Marcelo Déda (ou João Alves, se ganhar as próximas eleições), aproveito a oportunidade para pedir providências para as nossas torneiras. Precisamos de água", solicita Maria José de Andrade, servidora da Câmara de Vereadores da cidade.
MATADOUROS
Em todo o Estado, que tem um rebanho bovino de 1.070 milhão de cabeças de gado, existe apenas um matadouro licenciado e com o Selo de Inspeção Federal – SIF –, em Propriá.
O Cinform visitou os municípios de Lagarto, Simão Dias e Tobias Barreto, no centro-sul sergipano, e as cidades de Cedro de São João, Telha, Amparo do São Francisco e Canhoba, no Baixo São Francisco, e comprovou que a qualidade dos abatedouros bovinos de Sergipe é deplorável.
O pedido de reforma destes matadouros foi registrado como prioridade de cada um destes municípios citados.
Fonte: Cinform Municípios
Cidadania se faz aqui.
Postado por Júnior de Edna Valadares em 06.12.2010

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