Publicada: 09/01/2011
Texto: Moema Lopes
A mudança de valores nas relações sociais associada à modernidade, à correria do dia-a-dia, e ao capitalismo hedonista permissivo, tem dificultado a relação entre pais e filhos, principalmente nos quesitos orientação e educação. Segundo especialistas, isso tem ajudado a empurrar os jovens ao abismo das drogas ou da depressão. “O corre-corre do dia faz com que as pessoas priorizem a satisfação imediata dos desejos e excesso de liberdade. Isso desabilita os pais da autoridade natural. Mas, é um problema que começou há muitas gerações e está aumentando com muita intensidade”, disse o psicólogo e professor da Universidade Tiradentes, Alexandre Raad.
Segundo ele, o excesso de oportunidades, a falta de controle dos pais, a ausência deles, faz com que os jovens adquiram uma pseudo-independência parcial. Os que os levam a substituição do seio familiar por outras redes sociais (fontes), favorecendo a desvinculação dos jovens da família e, consequentemente, à falta de controle dos pais nas ações dos filhos. “Mesmo se achando ‘independentes’ os jovens continuam dependendo dos pais com relação a muitas coisas, a exemplo do cumprimento de horários, valores e costumes que eles não acatam. Então, fica fácil transgredir (desobedecer), principalmente, com o uso da internet porque nessa hora a maioria dos pais não está com os filhos”, observou.
Influências
Quando os jovens já estão incluídos em outras redes sociais porque não estão se encontrando dentro do seio familiar ficam muito mais vulneráveis ao consumo de drogas, álcool, cigarros, entre outras substâncias que induzem ao vício. “Eles são incentivados ao uso de drogas porque sentem a necessidade de serem aceitos e desejados pelo novo grupo de convívio”, disse o psicólogo. De acordo com ele, essa necessidade passa a fazer parte do rito de passagem de um estágio infantil para o adulto.
“Eles entendem que esse ‘uso’ vai deixá-los mais adultos. Toda droga usada é sempre por conta do meio. O adolescente nunca faz sozinho, é sempre induzido pelo meio social”, explicou. Muitas vezes, segundo ele, o adolescente nem quer fazer uso das substâncias entorpecentes, cigarros, bebidas, etc., mas estar inserido no novo ciclo é tão importante que ele acaba fazendo o uso. Nem sempre, a influência é para fazer uso de substâncias entorpecentes. Eles também podem acabar se envolvendo em pequenos delitos, ou situações mais graves, quando se trata de um grupo corrompido por condutas não adequadas.
O que fazer?
O ideal, segundo a orientação de Alexandre Raad, é a prevenção, que deve acontecer por meio de conversas e entendimentos com os pais dentro do seio familiar. “Os pais devem entender a linguagem do filho e ouvi-los mais. Precisam participar de forma mais ativa e íntima da vida do filho. Esse é o melhor caminho para evitar desvios (caminhos mal escolhidos)”, disse. E quando o adolescente já está envolvido com o grupo desviado é preciso ver o nível de comprometimento.
“Eles começam por pequenas ações, que quando ocorrem o certo é buscar primeiro o caminho da conversa, não o de coerção. A coerção não tira o jovem da droga. As vezes empurra com mais força”, alertou o especialista. Quando o comprometimento do jovem com o uso de drogas é maior, o primeiro passo a ser dado é buscar ajuda médica e psicológica. “Mas, quando o comprometimento está além da capacidade de controle do indivíduo, a orientação é levar para clínicas de desintoxicação, ou seja, as chamadas fazendas de recuperação”, orientou Raad.
Pais presentes
Diálogo aberto entre pai, e filho adolescente, costuma aproximar os dois. É o caso do jornalista Dilson Ramos e de Fernanda Luyza Dória, de 19 anos de idade, estudante de Psicologia na Unit. A relação foi costurada quando a garota era ainda pequena. “Com pouco mais de três anos de idade, Fernanda acordava assustada à noite e me chamava. O certo seria chamar a mãe, mas não sei por que ela sempre pedia minha ajuda. Eu ficava com ela até que dormisse de novo”, explica o jornalista.
A relação entre os dois sempre foi tranquila, mas a adolescência sempre traz conflitos. Dilson afirma que teve que aprender a lidar com as mudanças que vieram. Os dois tiveram o mesmo aprendizado. “A criança doce ficou um pouco rebelde durante um período. Foi difícil, mas aos poucos eu e a mãe dela fomos lendo os sinais que ela emitia. Tomamos decisões duras, que desagradaram a Fernanda, mas ela entendeu”, observa.
Dilson Ramos afirma que fala abertamente com a filha sobre sexo, gravidez e drogas. “Quando Fernanda começou a namorar, vieram as preocupações. Ela arrumou um namorado ainda muito nova e isso nos assustou. Sempre que ia buscá-la na escola, conversava abertamente com ela. Dizia que as dores de cabeça causadas por uma gravidez na adolescência, e o uso de drogas, podem ser evitados. Basta dizer não, ter consciência. Ela sempre tinha exemplos assim, por perto, para perceber que eu falava sério e que estava tentando ajudá-la”.
O relacionamento da dona de casa Jocilene Neves, 42 anos, com a filha Lara Neves Chaves, de 16 anos de idade, também é na base da orientação, companheirismo e muita conversa. Jocilene conta que costuma ir com a filha para shows e outros eventos direcionados ao público “jovem”. “Hoje, a minha preocupação com ela é com relação as companhias e as festas. Procuro sempre orientá-la, principalmente sobre as drogas, para não beber nada em copos de outras pessoas...A única coisa que me dá medo é isso”, contou.
Jocilene disse que ela e Lara conversam como duas amigas e uma confia muito na outra. “Não crio minha filha para esse mundo. Ela é totalmente contrária a essas coisas. Não bebe, sei com quem anda e vou com ela para algumas festas. Primeiro porque meu marido não gosta, mas eu gosto de festas, então eu aproveito para ir junto com ela. Dessa forma, estou sempre acompanhando-a e conhecendo com quem ela anda”, falou. O que facilita a relação entra as duas é a linguagem aberta. “Acho que tem que ser assim. Tem que ter respeito, abertura para conversar sobre tudo, sobre o que ela acha e o que eu penso”, disse.
A mudança de valores nas relações sociais associada à modernidade, à correria do dia-a-dia, e ao capitalismo hedonista permissivo, tem dificultado a relação entre pais e filhos, principalmente nos quesitos orientação e educação. Segundo especialistas, isso tem ajudado a empurrar os jovens ao abismo das drogas ou da depressão. “O corre-corre do dia faz com que as pessoas priorizem a satisfação imediata dos desejos e excesso de liberdade. Isso desabilita os pais da autoridade natural. Mas, é um problema que começou há muitas gerações e está aumentando com muita intensidade”, disse o psicólogo e professor da Universidade Tiradentes, Alexandre Raad.
Segundo ele, o excesso de oportunidades, a falta de controle dos pais, a ausência deles, faz com que os jovens adquiram uma pseudo-independência parcial. Os que os levam a substituição do seio familiar por outras redes sociais (fontes), favorecendo a desvinculação dos jovens da família e, consequentemente, à falta de controle dos pais nas ações dos filhos. “Mesmo se achando ‘independentes’ os jovens continuam dependendo dos pais com relação a muitas coisas, a exemplo do cumprimento de horários, valores e costumes que eles não acatam. Então, fica fácil transgredir (desobedecer), principalmente, com o uso da internet porque nessa hora a maioria dos pais não está com os filhos”, observou.
Influências
Quando os jovens já estão incluídos em outras redes sociais porque não estão se encontrando dentro do seio familiar ficam muito mais vulneráveis ao consumo de drogas, álcool, cigarros, entre outras substâncias que induzem ao vício. “Eles são incentivados ao uso de drogas porque sentem a necessidade de serem aceitos e desejados pelo novo grupo de convívio”, disse o psicólogo. De acordo com ele, essa necessidade passa a fazer parte do rito de passagem de um estágio infantil para o adulto.
“Eles entendem que esse ‘uso’ vai deixá-los mais adultos. Toda droga usada é sempre por conta do meio. O adolescente nunca faz sozinho, é sempre induzido pelo meio social”, explicou. Muitas vezes, segundo ele, o adolescente nem quer fazer uso das substâncias entorpecentes, cigarros, bebidas, etc., mas estar inserido no novo ciclo é tão importante que ele acaba fazendo o uso. Nem sempre, a influência é para fazer uso de substâncias entorpecentes. Eles também podem acabar se envolvendo em pequenos delitos, ou situações mais graves, quando se trata de um grupo corrompido por condutas não adequadas.
O que fazer?
O ideal, segundo a orientação de Alexandre Raad, é a prevenção, que deve acontecer por meio de conversas e entendimentos com os pais dentro do seio familiar. “Os pais devem entender a linguagem do filho e ouvi-los mais. Precisam participar de forma mais ativa e íntima da vida do filho. Esse é o melhor caminho para evitar desvios (caminhos mal escolhidos)”, disse. E quando o adolescente já está envolvido com o grupo desviado é preciso ver o nível de comprometimento.
“Eles começam por pequenas ações, que quando ocorrem o certo é buscar primeiro o caminho da conversa, não o de coerção. A coerção não tira o jovem da droga. As vezes empurra com mais força”, alertou o especialista. Quando o comprometimento do jovem com o uso de drogas é maior, o primeiro passo a ser dado é buscar ajuda médica e psicológica. “Mas, quando o comprometimento está além da capacidade de controle do indivíduo, a orientação é levar para clínicas de desintoxicação, ou seja, as chamadas fazendas de recuperação”, orientou Raad.
Pais presentes
Diálogo aberto entre pai, e filho adolescente, costuma aproximar os dois. É o caso do jornalista Dilson Ramos e de Fernanda Luyza Dória, de 19 anos de idade, estudante de Psicologia na Unit. A relação foi costurada quando a garota era ainda pequena. “Com pouco mais de três anos de idade, Fernanda acordava assustada à noite e me chamava. O certo seria chamar a mãe, mas não sei por que ela sempre pedia minha ajuda. Eu ficava com ela até que dormisse de novo”, explica o jornalista.
A relação entre os dois sempre foi tranquila, mas a adolescência sempre traz conflitos. Dilson afirma que teve que aprender a lidar com as mudanças que vieram. Os dois tiveram o mesmo aprendizado. “A criança doce ficou um pouco rebelde durante um período. Foi difícil, mas aos poucos eu e a mãe dela fomos lendo os sinais que ela emitia. Tomamos decisões duras, que desagradaram a Fernanda, mas ela entendeu”, observa.
Dilson Ramos afirma que fala abertamente com a filha sobre sexo, gravidez e drogas. “Quando Fernanda começou a namorar, vieram as preocupações. Ela arrumou um namorado ainda muito nova e isso nos assustou. Sempre que ia buscá-la na escola, conversava abertamente com ela. Dizia que as dores de cabeça causadas por uma gravidez na adolescência, e o uso de drogas, podem ser evitados. Basta dizer não, ter consciência. Ela sempre tinha exemplos assim, por perto, para perceber que eu falava sério e que estava tentando ajudá-la”.
O relacionamento da dona de casa Jocilene Neves, 42 anos, com a filha Lara Neves Chaves, de 16 anos de idade, também é na base da orientação, companheirismo e muita conversa. Jocilene conta que costuma ir com a filha para shows e outros eventos direcionados ao público “jovem”. “Hoje, a minha preocupação com ela é com relação as companhias e as festas. Procuro sempre orientá-la, principalmente sobre as drogas, para não beber nada em copos de outras pessoas...A única coisa que me dá medo é isso”, contou.
Jocilene disse que ela e Lara conversam como duas amigas e uma confia muito na outra. “Não crio minha filha para esse mundo. Ela é totalmente contrária a essas coisas. Não bebe, sei com quem anda e vou com ela para algumas festas. Primeiro porque meu marido não gosta, mas eu gosto de festas, então eu aproveito para ir junto com ela. Dessa forma, estou sempre acompanhando-a e conhecendo com quem ela anda”, falou. O que facilita a relação entra as duas é a linguagem aberta. “Acho que tem que ser assim. Tem que ter respeito, abertura para conversar sobre tudo, sobre o que ela acha e o que eu penso”, disse.
Fonte: Jornal da Cidade
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Postado por Júnior de Edna Valadares em 10/01/2011
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