Neste apagar de luzes de 2010, todos os indicadores apontam que os dois anos que se seguirão vão ser um grande laboratório de discussão sobre os destinos político e administrativo de Aracaju. O fato de Marcelo Déda ter perdido a eleição na capital para João Alves é um forte aperitivo de como este processo de rediscussão do futuro da cidade vai ser operado. Hoje, mesmo os vitoriosos da oposição não fazendo contas graciosas, mas botam a esperança na ponta da chuteira, achando que estão na marca do pênalti para se reinserirem no poder.
O discurso deles é muito bem sedimentado pelo que pensa Mendonça Prado, o segundo nome mais vistoso do agrupamento depois de João. "O problema básico é que o grupo que está aí conduz os destinos de Aracaju há quase 30 anos e a cidade diz, em várias áreas, que não lhe pensaram à altura das suas necessidades", diz Mendonça. Ele parte do princípio de que desde Jackson Barreto, em 1985, todos os demais são farinha do mesmo saco. E foram oito prefeitos.
Mas que 'necessidades' são estas que não estão sendo pensadas à altura? "Temos problemas na estrutura da saúde pública, do transporte, da educação e no crescimento público ordenado. Não temos sequer um plano diretor, e a cidade cresce como quer, sem áreas verdes. O que há de funcional no transporte, com o sistema de integração, veio da gestão de João Alves como prefeito", diz Mendonça.
E é aí onde entram 2011 e 2012. "Nós não queremos do aracajuano apenas o voto da revolta. Queremos também o voto dos que apostam num projeto alternativo e de gestão eficiente. E vamos passar estes dois anos elaborando um projeto, um programa para convencer a sociedade", diz Mendonça. Para o genro de João, candidato a prefeito em segundo lugar em 2008 e o deputado federal mais votado pelos aracajuanos este ano, a cidade necessita de um 'choque de gestão' que deve estar acima dos arranjos políticos, das parcerias e até mesmo do nome individual ou isolado do DEM.
"Primeiro vem o projeto para cidade. Depois, em nome do DEM, quem o execute. Para 2012, o projeto administrativo e de gestão para Aracaju é bem mais importante do que um projeto político. Com uma ação política que misture todos (isto em referência ao grupo de Amorim), fica mais fácil de ganhar. Mas depois a partilha e o loteamento entre os aliados, como Déda faz no Governo e Edvaldo na Prefeitura, vai impedir que se aplique o projeto administrativo e de gestão", avisa Mendonça. Ele vê o grupo de Amorim como 'ambíguo'. "Eles não sabem se são governo, se são oposição. Eu faço restrição (a aliar-se a eles em 2012). Se se quer melhorar a vida da cidade, o caminho é um projeto administrativo e de gestão. Loteando não resolve", justifica.
Para Mendonça, em 2012 vai se reeditar a típica disputa de dois lados. "Creio que será uma eleição polarizada entre os grupos das máquinas e a oposição". Mendonça traduz como 'grupos das máquinas' os Governos do Estado e da Prefeitura de Aracaju. No silogismo dele - e será cabotinismo pensar assim? - Sergipe tem 'uma máquina', que seria simbolizada por Déda com o Governo, a União e as Prefeituras, e uma liderança 'autêntica e de verdade', que seria João. E é assim que em 2012 se dará. Como um Bole-Bole e uma Saramandaia. Pode ser um avanço, pode ser um retrocesso.
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Fonte: Blog do Jozailton Lima
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Postado por Júnior de Edna Valadares em 23/01/2011
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